sábado, 24 de fevereiro de 2007




Salvem os humanos!

Pelas mesmas ruas do Rio de Janeiro onde houve a cruel morte do menino João Hélio, de 6 anos, arrastado por 7km após um assalto, passaram também as belas escolas de samba no Carnaval 2007.

Em outros tempos e com outra mentalidade no mundo, provavelmente o Carnaval não aconteceria, como forma de luto pela brutal violência que assola o Rio de Janeiro e repercute em todo o país e no mundo.

O ser humano sofreu diversas transformações em diversos aspectos, por exemplo: nunca precisamos tanto de ajuda de profissionais como massagistas, terapeutas e psicólogos para reencontrarmos o próprio eu, para voltarmos em nossa originalidade ou para termos um mínimo de tempo de nos descobrirmos ou até mesmo desabafar os problemas, dos mais variados tipos, que nos incomodam.

Tudo isso porque aqueles que estão a nosso redor não estão dispostos a ouvir, ou não têm tempo para isso, ou também estão tão envoltos em seus problemas que não temos nem coragem de incomodá-los com os nossos.

Quem está há menos de 20 anos no mundo nem imagina como ele já foi bem diferente e como mudou em tão pouco tempo.


Os vizinhos relacionavam-se, trocavam quitutes feitos na hora pelo muro (que não era tão alto e nem tinha cerca elétrica ou alarme).
As crianças eram vistas circulando pelas ruas, cantando as músicas aprendidas na escola e sentindo o cheirinho gostoso do almoço das casas próximas à escola, pensando na comida da mamãe quando chegassem em casa. E mais!
A mamãe estaria lá esperando por ela. Hoje a mamãe não está em casa, quase não tem cheirinho de comida pela rua e as crianças não circulam por ela, porque vão e voltam da escola com as vans.

Hoje vivemos na base do ‘fast-tudo’. Fast-food, fast-carinho, fast-abraço, fast-atenção.
Impossível tudo isso ter passado despercebido no período de Carnaval, quando se pôde ter quatro dias junto com a família e notar como tudo isso faz falta no dia-a-dia.

Sinais de progresso ou não, é preciso que cada um de nós faça sua parte de esforço para salvar aquilo que nos alegra a alma.
Relacionamentos de qualidade, com laços fortes e sinceros no lugar de uma quantidade grande de relacionamentos sem sustentação na hora que mais precisamos ou queremos.

Agora que o Carnaval já foi e nos concentraremos mais no trabalho, nos objetivos para o ano, não deixemos as emoções de lado. Aos chefes: comemorem a cada vitória conquistada.
Aos colaboradores: pensem no crescimento do colega juntamente com o seu e comemorem o crescimento dele também.
Um dia vocês vão querer que ele comemore o seu.
Aos pais: dar limites aos filhos é cuidar do presente e do futuro.
Aos filhos: um dia agradecemos por todos os ‘nãos’ que os pais nos dizem.

E a todos nós humanos, continuemos a ser humanos de verdade.
Porque aquilo que vemos de ruim nos outros pode estar péssimo em nós mesmos.
E porque ainda dá tempo de nos salvarmos...


Frase: “Quando a última árvore for cortada, o último rio envenenado, e o último peixe morto, descobriremos que não podemos comer dinheiro”
- Lema do Greenpeace

Um comentário:

Regina Gaiotto disse...

Oi querida Adriana
Adorei seu blog!
As suas reflexões nos sugerem que estamos pondo de lado tantos valores que recebemos na infância e juventude, por tantas coisas que não conseguimos nomear e enumerar.
Lembrei-me, com suas palavras, do tempo em que íamos, quando crianças, pelas estradas de sítios, livres e cheios de esperanças, apanhar flores silvestres e frutos que os tios e outros sitiantes nos davam com tanta generosidade. À tardinha, quando voltávamos, geralmente nos domingos, sentíamos o cheirinho da fumaça das chaminés dos fogões à lenha, cheirinho de polenta tostada nas chapas dos fogões. Tudo tão simples e tão encantador. Sabíamos que em casa também teríamos o acolhimento dos pais e a comida simples, mas quentinha, após um domingo de aventuras inocentes e saudáveis. Que pena, não podermos ofertar tudo isso às nossas criança e jovens. Temos medo de tudo!
Talvez o menino João Hélio e outras vítimas da violência cruel, com suas mortes injustas nos venham acordar do sono em que nós, brasileiros, vivemos. Estamos todos neste mesmo barco, aliás, neste naufrágio. Será que iremos pedir a lanterna apenas quando já estivermos afogados? Vamos nos unir e lutar com o que sabemos. Talvez, a palavra...Abraços